terça-feira, 29 de agosto de 2017

Há sessenta e três dias que estou a caminho e ardo
na impaciência de abordar a terra desejada.
A 8 de junho vislumbrámos luzes estranhas que passeavam
em ziguezague: pescadores. No céu sombrío recortava-se
um cone preto e denteado. 
Contornámos Moorea para descobrir Tahiti. Horas mais tarde
já se anunciava a madrugada e, muito lentamente,
nos aproximámos dos recifes de Tahiti para franquear o estreito e ancorar sem contratempos na enseada.
Quem muito viajou não achará nesta pequena ilha
o aspecto feérico da baía do Rio de Janeiro, por exemplo.
Alguns picos montanhosos aonde uma qualquer família
trepou e proliferou, passado há muito o dilúvio. Os corais,
esses também treparam e envolveram a nova ilha.

Paul Gauguin - Noa Noa

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