terça-feira, 24 de junho de 2014

O Genocidio Negro

O comercio de escravos estava relacionado principalmente com os comerciantes portenhos do Partido Unitário, 
o "partido saladeril" bonaerense, dedicado a criação de gado, o de Rosas, Anchorena, Roxas y Patrón, Ezcurra   
e Terrero, que careciam de idéias abolicionistas. Os negros
também povoavam os campos bonaerenses, e eram utilizados como serventes por fazendeiros e representantes
eclesiásticos. Os "saladeriles" não estavam vinculados
especificamente ao tráfico de escravos, mas os utilizavam
como mão de obra servil.
Quando Juan Manuel de Rosas asumiu o poder, tampouco
deu a liberdade aos escravos, mas manteve um tratamento
melhor para com os homens e as mulheres de cor.
Rosas mantinha estreita relação com as capas populares,
e costumava participar com membros da sua familia, das
festas dos negros no "Bairro do Tambor", em Monserrat,
San Telmo e na Recoleta (a velha Buenos Aires), nos famosos "candombes" e "marimbas". 
Quando voltaram os anti-rosistas ao governo, 
depois de 1851, não esqueceram aqueles negros 
que tinham motivado as suas fantasias de terror. A vingança
chegaria anos depois, durante a tragêdia da febre amarela
e a Guerra do Paraguai, no final dos anos 60.

O Proletariado

Não podemos falar em obreros ou proletários na Buenos Aires de meados do século XIX. A primeira revolução industrial ainda não tinha chegado à produção. Junto aos nativos, os gaúchos e os índios, estavam os negros, que
realizavam as tarefas mais servis na cidade, e tinham os oficios mais duros no campo.
Um intelectual negro que enchergou com clareza 
as contradições políticas da sua época, previú
a magnitude do odio dos brancos pelos seus coterráneos
de cor, e tentou dar impulso a uma corrente de opinião
amplamente democrática e avanzada para a sua época,
reivindicando os conceitos mais progressistas do seu tempo
a utopia social, o humanismo liberal e o socialismo,
foi Lucas Fernández. Tais doutrinas, adaptadas ao nosso
meio, foram expostas no jornal "O Proletário", que apareceu
no 18 de abril de 1858, e foi fechado dois meses depois,
em junho. A sua corta vida no entanto, permitiú conhecer
o que pensavam os negros, quais eram seus ideais, suas
reclamações, e sua visão dos acontecimentos e da cultura em geral. A publicação tinha por título "Periódico Semanal, Político, Literário e de Variedades", era editado por Lucas Fernández, e seu lema era "Por uma sociedade da classe
de cor".  

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