quarta-feira, 25 de junho de 2014

Lucas Fernández
Precursor do Socialismo no Rio da Prata

O primeiro genocidio na Argentina, e porque desapareceu
a nação de cor. No século XIX, entre 1850 e 1870, houve
uma cultura da negritude.
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O socialismo chegou ao Rio da Prata muito antes 
da corrente imigratória europeia.
Foi a comunidade negra de Buenos Aires, a dos ex-escravos
recem libertados com a Constituição Nacional de 1853,
que trouxeram as primeiras idéias e doutrinas do socialismo
utópico, em 1858, seis anos antes da fundação na Europa
da Associação Internacional dos Trabalhadores (Primeira
Internacional), que Marx, Engels e o anarquista Miguel Bakunin impulsionaram em 1864. Um intelectual negro,
Lucas Fernández, criou e dirigiú o semanario "O Proletario",
cujo primeiro número data de 18 de abril de 1858. O jornal
se comprometia em defender os interesses da clase, e os
interesses da classe de cor. 
O movimento se chamou "Democracia Negra", e se frustrou
por causa do exterminio da comunidade negra provocado
pela epidemia da febre amarela.
A esquerda argentina está em dívida com os pioneiros
negros, borrados da história e da memória.
Com ecessão de um trabalho do escritor Dardo Cúneo,
o primeiro jornalista operário e socialista na Argentina, editor de "La Vanguardia", (Buenos Aires, 1945), não se teve em conta aquele movimento precursor, muito mais vigoroso
e expressivo das classes oprimidas da época, que as referencias saintsimonianas de Esteban Echeverria 
e Sarmiento, estudadas por José Ingenieros na "Evolución de las Ideas Argentinas". Essa experiência e sua abrupta
interrupção, é um dos fatos trágicos da história argentina,
o segundo foi o genocidio praticado contra os índios,
na famosa "Campanha do Deserto", que foi uma conquista,
porque na verdade não era um deserto. Os aborigens,
especialmente os do Sul, foram submetidos a uma guerra
bactereológica por meio do envio de comerciantes
as "tolderias", como eram chamados os acampamentos
indígenas, lhes entregando mantas com o virus da variola.
Assim foram dizimados e logo assassinados, homens, mulheres, crianças e velhos pelo exército. 
Os argentinos não foram os criadores dessa antecipação
vernácula do nazismo, os norteamericanos utilizaram
esse método na conquista do Oeste para o exterminio
indígena. Durante muito tempo se acreditou que o general
Custer tinha sido o inventor desse método, mas novas
investigações comprovam que ele foi empleado desde fins do século XVIII. O terceiro genocidio foi o dos obreros
da Patagonia, em 1921, cuando o exército reprimió as greves operárias, fusilando mil e quinhentos trabalhadores.
O quarto genocidio foi o massacre dos militantes 
da Juventude Peronista, vivido durante os anos da ditadura 
militar (1976-1983), chamado "Processo de Reorganização Nacional". Mas o menos conhecido continúa sendo o dos
homens e mulheres de cor e a sua experiência libertadora,
destruída de raiz, o primeiro socialismo em Buenos Aires.

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