sexta-feira, 13 de julho de 2012

QUASE SONETOS


            1


Sou um monstro
selvagem e disforme
sobre teu ventre
- o corpo convexo.
Depois pouso a mão
                     em teu sexo
como se pousasse
            sobre uma ave que dorme.


              2  


Vejo-te-agora
como maçã ou fruta qualquer
que repousasse a imagem
numa tela que Guignard pintara:
         imagem que fulgura
                 em sua forma clara
como fulgura sobre a cama
    teu corpo saciado de mulher


                 3


O retorno à Terra
    após a desordem do coito
é lento, silencioso
- quase inverossímil:
acendo um cigarro,
   mastigas um biscoito,
enquanto limpo-te com o dedo
                           o borrão do rímel. 

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